O Sairé

1. Origem e História

O que significa a palavra Sairé?

“Sairé”: Uma tradução a partir de Barbosa Rodrigues (1890)
SAIRÉ: Sai + eré = Salve, tu o dizes!
SAIRÉ TURIUÁ: Sairé (Salve, tu o dizes!) + Turiuá (Alegria) = Eu te saúdo com alegria!
SAIRÉ-ETÉ: Sairé (Salve, tu o dizes!) + Reté (Verdadeiro) = Sairé Verdadeiro!

“Sairé” (Outras traduções / significações)
SAIRÉ: “Coroa” (Veríssimo, 1970)
SAIRÉ: “Cordão de Giro” = Dança Primitiva (Cascudo, 2000)
SAIRÉ: “Dança de Crianças” (Daniel, 2004)

2. Como é o Sairé nos dias atuais?

Reconhecida como manifestação da cultura nacional

O Sairé surgiu do encontro d a cultura indígena, que celebra a natureza e a espiritualidade com cantos e danças, com a fé cristã trazida pelos jesuítas durante o século XVII, ganhando também elementos da cultura africana, os quais constituem a essência do Sairé.
De lá para cá, a tradição atravessou gerações e, hoje, é reconhecida em lei como manifestação da cultura nacional, preservando a alma e a história do povo paraense.

LEI Nº 14.997, DE 15 DE OUTUBRO DE 2024
Reconhece como manifestação da cultura nacional a Festa do Sairé, realizada no distrito de Alter do Chão, no Município de Santarém, no Estado do Pará.

3. Festival do Botos

Atualmente, o Sairé mistura rituais religiosos, muita dança e a disputa dos botos Cor de Rosa e Tucuxi.
O festival folclórico dos Botos de Alter do Chão foi criado em 1997 e incluído à festa do Sairé, constituindo-se numa disputa entre as associações folclóricas. É realizado pelas duas agremiações, tendo como objetivos o fortalecimento, manutenção e salvaguarda da identidade cultural de Alter do Chão, bem como sua forte identificação com a lenda do boto, um dos principais mitos do imaginário amazônico.
Os botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, cada qual com cerca de 700 componentes, produzem anualmente o grande espetáculo de música, dança e cênica que se integrou ao calendário do Sairé desde 1997. Nessa época, os festejos foram transferidos da praça 7 de Setembro para a praça do Sairé, e a data da celebração foi alterada de julho para setembro, quando a temporada de estiagem revela as belas praias de Alter do Chão.
O espetáculo, inicialmente realizado por um único grupo que se cindiu, tomou a forma de uma disputa festiva a partir de 1999, em um espetáculo de arena. Desde então, é no Lago dos Botos, com capacidade para cerca de 6 mil pessoas, que os botos Tucuxi e Cor-de-Rosa se apresentam em duas noites de festa, sendo observados por jurados que, ao longo de duas horas de exibição, lhes dão notas relativas a 16 quesitos avaliados na disputa. A participação dos moradores de Alter do Chão e proximidades nos botos é intensa. Nessa perspectiva, os botos são vistos e referidos como a “parte profana” da festa. A propósito, essa última parte também é composta de atrações musicais locais/ regionais e nacionais, que se apresentam nas noites de festa. Portanto, uma por vez por ano, o local se transforma em uma arena em que as agremiações competem o título de campeã do festival, esforçando-se para empolgar os espectadores, suas torcidas e conquistar as melhores notas dos jurados. As apresentações devem seguir um enredo com temática própria e renovável anualmente, desde que seja alusiva às tradições, crenças e costumes locais.
É impossível não se envolver com a energia dessa festa!

Venha viver o Sairé!

Mais do que assistir, o Sairé é para sentir: é tradição, é alegria, é a Amazônia viva! Seja para conhecer, celebrar ou se apaixonar pela cultura paraense, essa festa é um convite para todos.
Prepare a câmera, vista um sorriso e venha viver essa experiência única!

Obras consultadas

CANTO, Sidney Augusto. Alter do Chão e Sairé: contribuição para a história.
CARVALHO, Luciana Gonçalves de (Org). Festa do Çairé de Alter do Chão. Santarém: Ufopa, 2016.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. São Paulo, Ediouro, 2000.
DANIEL, João (Padre). Tesouro descoberto no máximo Amazonas. Volumes I e II. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004.7y
FERREIRA, Edilberto. O Berço do Çairé. Alter do Chão / Santarém: edição do autor, 2008.
RODRIGUES, João Barbosa. Poranduba amazonense, ou kochiyma-uara porandub. Rio de Janeiro: Typ. De G. Leuzinger & Filhos, 1890.
VERÍSSIMO, José. Estudos Amazônicos. Belém: Universidade Federal do Pará, 1970.

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